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  • Foto do escritorMoira Valvassori

A bailarina de Auschwitz

Me arrepiei em pensar que levei quase 6 meses para ler por completo este livro. Confesso que "julguei o livro pela capa", pois o ganhei de presente (e para quem ama ler sabe, é exigente com a próprias leituras). Pra mim foi assim, com um início estranho que foi se revelando diferente e me tomando por inteiro a cada momento em que juntava o livro com um café. Sinto a necessidade de justificar brevemente o meu julgamento, pois afinal de contas, o título por si só já revela extrema importância e seriedade. Minhas impressões iniciais em "desconhecer" o livro foi porque não o escolhi, apesar de tê-lo recebido de mãos queridas e bem intencionadas e um sorriso no rosto. Como também, não utilizo desta mesma razão para esclarecer minha demora. Utilizei o tempo de meses para poder acessá-lo, o livro de Edith Eva Eger, para mim, foi preciso ler e meditar a cada capítulo, sem exceções. Sua história e narrativa como sobrevivente de guerra é de uma clareza e ternura adquiridas que merecem, e sob o meu ponto de vista, tornam a leitura obrigatória nos dias de hoje. Em ligeiras palavras digo que é um livro duro, como a vida é em muitos momentos e que me trouxe flashs da leitura de Primo Levi (1988) em "É isto um homem?", o qual também foi enviado a Auschwitz pelo regime nazista, durante a segunda guerra mundial e me recordo dele com uma inspiração profunda em vista da grandiosidade de sua denúncia. Ao mesmo tempo, o livro de Eger (2019) é regado a pensamentos de esperança e força que nos leva a observar os nossos próprios sofrimentos, a rever nossas responsabilidades e as escolhas que tomamos e que temos de assumir, mas que algumas delas simplesmente não trazem alegria para as nossas vidas. Acredito que é preciso tempo para compreender a profundidade de questões que são distantes de nossa própria realidade ou que, ironicamente e ingenuamente, nunca imaginaríamos experienciar na vida. E isso por si só é um convite, uma tarefa que nos lança para longe da zona de conforto, como Eger (p. 238) diz: "Os tempos estão mudando e nós estamos mudando junto. Estamos sempre no processo de tornar-se". Com isso, encerro estas palavras com saudade, mas grata, muito grata em poder aprender a partir da história da minha "colega de profissão", a psicóloga Dra. Edith Eva Eger. E finalizo com uma dentre várias passagens em seu livro que me saltaram aos olhos e ao coração: "Você não pode curar o que não pode sentir" (EGER, p. 223). Que linda frase para nós psicoterapeutas. EGER, Edit Eva. A bailarina de Auschwitz. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

LEVI, Primo. É isto um homem?. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

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