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  • Foto do escritorMoira Valvassori

A criança de Ponty

Segue por aqui novamente, a sugestão de um texto de outra professora que admiro muito!

Em que recebi a indicação durante uma palestra sobre psicologia, fenomenologia e educação no ano passado.


O artigo tem como objetivo argumentar sobre a infância e o desenvolvimento cognitivo da criança a partir da fenomenologia de Merleau Ponty (1908-1961).


Como ponto de partida, o texto aponta para a noção do desenvolvimento cognitivo da criança de modo distante do pensamento de Piaget - o que me causa estranheza, devido a minha formação com grande influência deste autor, ele diz que a criança aprende algo quando está pronta para tal processo, sendo eles de assimilação e acomodação, caracterizando estágios durante a aprendizagem.

Diferentemente de Ponty, em que diz que sob um primeiro momento a criança imita um comportamento, sem ter a total clareza de seus desdobramentos. E a medida que repete, e se utiliza deste comportamento, passa a se aproximar dos significados de certa ação, até um momento que atribui um sentido.


Pois bem, após esta breve contextualização me direciono ao ponto que me inspirou a escrever sobre esta leitura. Um ponto que considero crucial estar presente nos debates atuais. Há a iniciativa dos autores em dizer que para falar sobre a infância, a partir de um viés fenomenológico, temos que dar voz a perspectiva da criança. Afinal de contas, apesar de todo adulto já ter sido uma criança um dia, quem vive e experiencia este momento na pele e em seu corpo, são as crianças.

Com isso, como podemos pensar a aquisição de conhecimento e linguagem? O texto nos mostra que a educação sendo cerceada pela autoridade adulta, com leis e regras imutáveis, gera a cristalização do ensino, assim como, na espontaneidade e criatividade da criança. Optando-se por pensar que a figura adulta contém autoridade, atuando como um mediador no processo de aprendizagem.

Observa-se que a mudança sútil na colocação do substantivo "autoridade", implica em posicionamentos diferentes.

Ainda sobre o ensino das crianças, para alguns, o revés da moeda, ruma ao radicalismo. Em que se pensa, portanto: "então deixa a criança livre!", responsável e encarregada de si frente a maturidade. O que também é uma ideia equivocada, um desserviço ao desenvolvimento, pois a criança se vê desassistida e a responsabilidade é compartilhada com os adultos, pais, educadores, entre outros.


Como é de praxe por aqui, pergunto a você, o que isso tem a ver com o Psicólogo?

Tudo. A medida em que podemos atuar com intervenções voltadas a compreensão do mundo vivido e experienciado das crianças, ao invés de seguir por uma única e exclusiva ideia de explicar seu comportamento pela descrição teórica.

Ponty diz que a criança tem voz, ela pensa, age e executa, e se encarrega das consequências de seu comportamento. Mesmo que mais ou menos claras em suas experiências de vida.

Ou seja, o que se propõe no texto, inclui o foco no discurso e a utilização da teoria como consulta, não é descartada. Uma vez que auxilia na ampliação dos raciocínios antes já observados e na produção de novos conhecimentos.


TELLES, Thabata Castelo Branco. A infância na fenomenologia de Merleau-Ponty: contribuições para a psicologia e para a educação. Rev. NUFEN,  Belém ,  v. 6, n. 2, p. 4-14,   2014 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912014000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  05  mar.  2020.

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