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  • Foto do escritorMoira Valvassori

Minha.

Atualizado: 3 de nov. de 2020

Sim, o título deste post é esse mesmo. Eu gostaria de iniciar estas palavras, que também são "minhas", com um sentimento que revelasse de imediato o que senti com esta leitura.

O livro "Minha história" da ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama está em mim, sua história me habitou e fez de mim sua morada em um curto tempo de leitura. A autora "dispensa" apresentações, é evidente a sua representatividade que vai para além do seu famoso matrimônio.

Cheguei até esse livro após ver o um documentário na Netflix sobre sua vida e chorei do começo ao fim. Já no prefácio, pensei: "Que livro! Que mulher!" E assim começou minha nova aventura.

Sobre o livro, eu gostaria de compartilhar dois pontos que me levaram a refletir, sendo eles:


-A importância de se posicionar:

Cito aqui um trecho, dentre vários, da própria autora que poderiam servir de exemplo. Para Obama (2018, p. 300): "O julgamento público é veloz em preencher qualquer espaço vazio: se você não assume logo uma posição, os outros rápida e imprecisamente definem uma posição para você ", com ele, destaco a importância em nos manifestar, em lutar pelo espaço de fala que Obama (p. 282) se refere como ir na contramão de um "clichê danoso", o que representaria o ato de "varrer para o canto" as ideias e o pensamento das mulheres e das minorias sobre assuntos tais quais: sexismo e racismo. Com outras palavras, significaria a manutenção de um "sinal inconsciente de que não deveriam escutar o que tínhamos a dizer". E temos sim.

Faço referência a ideia de se posicionar, independentemente da concordância ou discordância com a ordem política, econômica, social, cultural, entre muitas outras, vigentes em nosso país e no mundo. Trata-se de ter o zelo entre as pessoas, em compartilhar, trocar e a manter o diálogo daquilo que, ingenuamente, afirmamos estar "carecas de saber", de que sabemos tudo.

Destaco este trecho através de minhas palavras, pois vejo que se expressar e dialogar diz muito sobre quem nós somos e de quem desejamos ser. E que "ao mesmo tempo" são atemporais, nesse sentido, se manifestar pode atuar em afirmar um ponto de vista, em validar um posicionamento ou até mesmo, cultivar uma cultura atual; como também, por simplesmente, agir como o revés da moeda, em refutar algo, em "dar voz" e surtir o novo.


-Relacionamentos: Outro ponto cativante em sua narrativa, esteve em acessar o que a autora diz sobre o casamento. Traz consigo a ideia de que o casamento, com todas as suas variantes, é parceria, não é cárcere. Assim como, nem um quanto o outro cônjuge deve se esconder, se dispor na "sombra" da presença do outro, o que por opção poderia ser uma das escolhas possíveis de Michelle em seu horizonte de entendimento. Mas não.

A união entre duas (3... 20, quantas você quiser!) pessoas se dá no trabalho conjunto, como de um "time", mas esta última referência é muito clichê para se exemplificar, o que quero dizer é que as relações são cultivadas, por ambas as partes, em busca de um equilíbrio. Chamadas como "segurar às rédeas", "segurar as pontas" e "dar conta do recado" não estão em seu repertório.

Nesse sentido, vejo que o nome atribuído e "colado" a sua existência, anos antes, como "primeira dama", e mais recentemente, de "ex-primeira dama", é mais um! Porque afinal de contas, nomeamos as pessoas e nessa perspectiva é mais um papel a ser desempenhado que se soma aos seus demais papéis como: irmã, filha, advogada, mãe, esposa, entre muitos outros. E assim que deve ser à todos.


-Impressões sobre o livro:

Por fim, gostaria de dizer que trata-se de um livro que você tem de criar forças para deixar de ler, "parar" por um certo tempo, ir dormir, comer ou cumprir com os seus próprios horários. Em especial, com a chegada da madrugada... confesso que um certo mau-humor pairou em mim em várias manhãs em meio a quarentena, mas não me arrependi em ter "atravessado" algumas noites sendo este o motivo.

Sem falar no cheiro desse livro impresso em papel Pólen (que até então eu não sabia da existência de nomes e tipos de papel para os livros), o que consequentemente, entra aqui a parte bizarra do texto todo, mas...para quem gosta de ler, sabe do que eu estou falando.

O livro tem uma linguagem divertida, um tom agradável e prazeroso de se ler. Me vi rindo, a cada pouco, com as impressões iniciais de Michelle sobre Barack Obama. Além disso, Michelle relembra fatos, uma vez já narrados, que se encontram facilmente, assim como, para as referências citadas na Internet. E retrata de uma forma cômica e engraçada alguns fatos do cotidiano, eis um exemplo: "Digo uma coisa a vocês: ao final de um dia agitado, não há nada melhor do que acompanhar um jovem casal encontrando a casa dos sonhos em Nashville ou uma noiva escolhendo o vestido" (OBAMA, 2018, p. 262). Genial!

-Contribuições para hoje:

Ler este livro foi um encantamento constante do começo ao fim para mim. Através dele, penso que devemos ter força em todas as atividades que iremos fazer (pelo menos em pensamento!) na vida. Levo comigo uma busca maior pela criatividade e inspiração, não só em minhas iniciativas mas também aos outros, em permitir-se a falar mais, agir mais, se manifestar mais e observar que no fim... "o mundo não acabou".


Michelle Obama é inspiração para seguir tentando, aprender, errar, dar importância em respeitar o diferente e olhar para o próximo. Principalmente, a ser mulher e a você mesma! Como a autora diz (p. 430): "Para mim, ter uma história não significa chegar a algum lugar ou alcançar algum objetivo. Entendo-a mais como um movimento adiante, um meio de evoluir, uma maneira de tentar, continuamente, ser uma pessoa melhor". O que me traz a ideia de um eterno tornar-se de nós mesmos, de quem nós realmente somos e escolhemos ser. Pensamos, aprendemos, erramos, existimos e morreremos em algum momento.

É sem sombra de dúvidas o livro mais tocante que li neste ano que nem acabou.


Referências: OBAMA, Michelle. Minha história. Tradução: Débora Landsberg, Denise Bottmann e Renato Marques. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.

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