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  • Foto do escritorMoira Valvassori

"É brincadeira, viu?"

Para começo de conversa, penso que poderia escrever sobre o assunto de maior destaque das últimas semanas: a pandemia do Coronavírus, o Covid-19, ou para os mais irônicos, o famoso Coronga! Pois bem, optei por não seguir este pensamento e como refúgio de minha ansiedade (e de muitos por aí!), em tempos de quarentena, comentarei sobre outro assunto.


Reparo que as informações que chegam nos noticiários são para nós, público adulto, e em vista disso, me pergunto: e as crianças? Como e quais informações estão chegando até elas? Com isso, escolhi um texto que, de modo semelhante, lança luz às nossas crianças e adolescentes!

Vou além, creio que em tempos de quarentena, se possa abrir mais espaço e tempo para refletir sobre a saúde das pessoas próximas de nós, nossos filhos, irmãos, primos, familiares, amigos, entre outros entes queridos. E principalmente, em pensar sobre como nós adultos podemos contribuir na educação de nossas crianças.


Com a leitura do artigo de Corrêa (2020), intitulado: "Infância e patologização: crianças sob controle", tomo para mim que as considerações da autora podem soar como um choque para muitas pessoas, pais, educadores e para a sociedade como um todo. Digo, não se assustem, notem, todo conhecimento é bem-vindo.

Percebi também que esse texto complementa o meu post anterior aqui no blog.


A autora fala sobre a infância, o psicodrama e a adoção de procedimentos medicamentosos no tratamento de comportamentos fora do comum, não esperados e não toleráveis em nossa sociedade. Para esclarecer, a referência se faz para a aprendizagem de crianças e adolescentes.

E por que falar sobre isso? Ora, pode não parecer recente, mas é! Os direitos dos jovens, em conjunto com o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), de 1990, irá comemorar 30 anos este ano no Brasil. Antes disso, a criança era vista como um "adulto mirim" e sendo subordinadas às políticas destinadas aos adultos.

A autora problematiza a questão afirmando que como não sabemos lidar e explicar o porquê de comportamentos agressivos, violentos, ansiosos, provavelmente, é porque é grave! Incompreensível de entender porque o jovem age assim.

Neste momento, faço uma ressalva a importância dos tratamentos psiquiátricos que auxiliam com qualidade e humanidade, a saúde e o bem-estar das pessoas. Pois. ao meu entendimento, o que causa perplexidade é receitar em massa, sem examinar, estudar ou se aproximar das pessoas.


Logo, o que o psicodrama tem a dizer sobre essa lógica de medicar em massa os jovens?

Como contribui, a partir de uma atuação profissional psicoterapêutica, para minimizar, e possivelmente, reverter essa lógica? A resposta não é simples e não é uma única, mas principalmente se desenvolve com a noção dos conceitos morenianos de: espontaneidade e criatividade. Além de falar sobre o brincar, a importância do "como se" em setting terapêutico, assim como, na vida!

A infância aqui é como um símbolo para os conceitos morenianos. E o papel do psicodrama está em presentificar a noção de liberdade, aproximando-a da vida do paciente.

Assim como, a autora nos mostra propostas terapêuticas, como: a realização de sociodramas, a formação de grupos de pais com a finalidade de refletir e re-elaborar à infância, e especialmente, em pensar sobre o papel dos adultos como mediadores da educação dos filhos e jovens.


Finalizo meu pensamento com a sensação de que poderia escrever muito mais sobre o tema e, em seguida, pergunto a vocês com um trocadilho proposital: "É brincadeira ou não é?"


Observação sobre a capa: Apesar de meu grande apreço pelo álbum "The Wall" (1979), de Pink Floyd e da crítica eterna e pertinente que se segue em suas canções, vou além, e penso que ao invés de dizer: "We don't need no education!", possamos dizer: "precisamos de maior atenção à educação das crianças, com um brincar livre e de muito afeto!


CORRÊA, Andrea Raquel Martins. Infância e Patologização: crianças sob controle. Revista Brasileira de Psicodrama, v. 18, n. 2, p. 97-106, 9 Jan. 2020.

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